Resenha: Armamentista - Joe de Lima

 
Publicação independente
317 páginas
2016

ATENÇÃO: Por se tratar do segundo livro de uma trilogia essa resenha pode conter spoilers.

Leia a resenha de Arcanista.

A conspiração era só o início, agora a sombra da guerra civil paira sobre Vera Cruz enquanto a Arcanum, a Guarda Nacional e a Voz Verde mostram suas armas.
Meses após o Assalto ao Trem Regencial, Marcel, que está longe de Camilla, tenta compreender qual será o seu papel no confronto que se aproxima. Percebendo que não pode confiar em ninguém, principalmente no diretor Cecil, e sem saber quem realmente é seu inimigo, Marcel se vê encurralado por todos os lados e numa corrida frenética contra o tempo para proteger a si mesmo e, principalmente, aqueles que ama.

"Seja o relâmpago, Marcel. Pode fazer isso?"

Depois de descobrir em Arcanista que nada era o que pensava, Marcel seguiu em frente e agora tenta se estabelecer na Arcanum enquanto corre atrás das verdades que a grande organização esconde. Em meio a isso ele se empenha para dominar o poder da sua gema trovão e entender a confusão que seus sentimentos se tornaram depois que Camilla entrou em sua vida.


Armamentista é um livro que foi esperado por mim e que supriu expectativas que eu nem tinha me dado conta de ter criado. É um livro que me deixou com fortes sensações de alegria e orgulho, além da certeza de que a literatura nacional contemporânea tem sim muitos talentos a serem descobertos que só precisam de oportunidades.

Por trás de toda a ficção podemos ver diversos aspectos reais que fizeram parte da história política de diversos países, incluindo o Brasil, reproduzidos pelos governantes e cidadãos de Vera Cruz. Foi impossível não linkar os acontecimentos de Armamentista com o Brasil de 1964 e os recentes acontecimentos governamentais e vou parar por aqui pois se eu falar mais será um tremendo spoiler e não quero estragar a leitura de ninguém.

Marcel, o protagonista, evoluiu drasticamente do livro anterior pra esse e sem perder a sua essência. A mudança vai se tornando perceptível a medida em que avançamos na leitura e quando chega o primeiro grande acontecimento já é possível destacar maiores mudanças. Confesso que gosto muito mais do personagem agora, já que a sua personalidade parece ter se definido por completo tornando-o mais firme e enérgico.

No primeiro livro eu criei uma grande implicância com a Beatriz, melhor amiga de Marcel e um dos lados do triângulo, e cheguei a dizer na resenha que tinha vontade de esganá-la, pois bem essa vontade só cresceu e agora eu declaro oficialmente que Beatriz Laure é uma personagem que me irrita profundamente. Aliás muitos personagens secundários me irritaram nesse livro: o irmão de Marcel, Nicolas, o melhor amigo, Kelvin, Maurícia, Antonius... não sei se eu é que estava de mau humor ao realizar a leitura ou se eles realmente foram personagens irritáveis, já que, parando pra pensar, nenhum deles teve realmente uma atitude que os classificasse como tal (exceto Antonius, esse na verdade chegou a ser desprezível em certo momento). Bem, conto pra vocês quando descobrir.

Nesse volume temos um suave triângulo amoroso pra mostrar que nem tudo é guerra e que há sim algumas flores, ainda que com espinhos. Sei que muita gente não gosta de triângulos amorosos por isso quero dizer pra não se preocuparem pois o romance no trama é muito sutil, é mais um aspecto da vida do protagonista. Não deixa de ser um aspecto importante, porém não se sobrepõe ao enredo principal. Talvez no último volume o autor dê um pouco mais de espaço aos assuntos amorosos de Marcel, o que torço pra que aconteça, afinal quero muito saber com quem ele vai ficar e já tenho até a minha favorita.

Uma coisa que me deixou muito feliz foi ver que todos os pontos negativos que eu encontrei anteriormente na escrita do autor foram trabalhados e melhorados a ponto de serem quase inexistentes, deixando a escrita de Joe, que ainda utiliza a narrativa em terceira pessoa com o foco no protagonista, ainda mais fluída e agradável do que quando li o seu trabalho pela primeira vez, a pouco mais de um ano. Impecável mesmo está a ambientação feita por ele: com detalhes e explicações na medida certa, tornando muito fácil imaginar tudo o que existe e acontece em Vera Cruz.

O único ponto negativo, que foi o que me fez pontuar o livro com quatro estrelas ao invés de cinco (só não dei quatro e meio pois essa pontuação não existe aqui no blog), vai para o início lento da trama que demorou a engatar e consequentemente me fez demorar a entrar em um bom ritmo de leitura. Em compensação lá pela página 90 as coisas começam a acontecer, os dramas e a tensão começam a surgir, acelerando a narrativa e nos grudando às páginas. Nesse ponto é como ler um filme de ação, com a diferença de que Armamentista não é só tiro, porrada e bomba pois vai muito além (e é muito mais legal do que um filme de ação haha).

Joe terminou esse segundo volume com um plot twist muito impactante, que me deixou pulando na cadeira em agonia pelo volume final que eu ainda não faço ideia de quando irá sair mas que já está sendo fortemente aguardado (sem pressão, Joe).

Sobre a série:
Armamentista é o segundo volume da trilogia distópica Vera Cruz, iniciado com Arcanista e que ainda não possui data de lançamento para o terceiro e último volume. Indicada para quem gosta de distopias repletas de ação e com pitadas de romance, os livros podem ser adquiridos na versão digital pela Amazon, e na versão física pela loja Clube de autores.