[HQs #10] Kombi 95 - Thiago Ossostortos

Kombi 95 é uma HQ de autoria de Thiago Ossostortos e lançada pela Plot Editoral, um selo da Astral Cultural, mas que também pode ser chamada de túnel do tempo por conta das 128 páginas carregadas de referências aos anos 90 e que causam uma overdose de nostalgia a quem viveu, ainda que pouco, nessa década.

Anos 90. Regras: não há regras. A música é revolucionada ao vivo na televisão de um Brasil pré-internet. As rodinhas dos pains se enfileiraram. Estudantes lotam o Playcenter. Milhões de salgadinhos são vendidos por dia, mas tudo por causa de um pequeno disco de plástico dentro dos saquinhos. As tardes de domingo são regadas a grupos de pagode, pessoas dançando com garrafas e famosos ensaboados digladiando-se dentro de uma banheira. Um menino desaparece na periferia da Grande São Paulo. Os boatos de uma gangue de palhaços que sequestra crianças para o tráfico de órgãos agitam um bairro, levando um grupo de amigos a fazerem justiça com as próprias mãos. Acompanhem essa história de erros, acertos e vidas colocadas em risco no meio da efervescência de uma década que se recusou a morrer.

Inspirada pela lenda urbana espalhada na época, onde palhaços sequestravam crianças para roubar seus órgãos, a história é sobre um grupo de amigos que se reúnem para encontrar os temidos palhaços após o desaparecimento de um dos meninos da rua, o Albino. Autonomeados de Os Caça-Palhaços, o grupo se aventura no mistério do sumiço e nos transporta por uma viagem mais do que lotada de referências: músicas, programas de TV, danças (alô pessoal que dançava na boquinha da garrafa), comidas, desenhos, brincadeiras, roupas e até mesmo comportamentos. Confesso que pela metade achei a trama um pouco sem rumo mas tudo se encaixou após o desfecho, que foi totalmente inesperado.

Há muitas citações a sucessos da época, em especial os musicais, e por isso no fim da HQ um código QR Code que leva a uma playlist no Spotify cheia de canções da época que é muito legal tanto para matar a saudade quanto para se ambientar.

Com traços marcantes e cheio de cores, as páginas são uma explosão de informação visual mas que ao mesmo tempo tem sua própria organização e não deixa o leitor confuso. É impossível não se sentir nostálgico ao virar as páginas dessa obra, afinal mesmo quem não nasceu naquele tempo conhece ou ao menos ouviu falar das maioria das coisas que foram referenciadas.

A parte gráfica só merece elogios: de excelente qualidade, da capa às páginas internas, é possível perceber todo o cuidado com o qual a obra foi tratada. Mais um ponto positivo pro selo!

Kombi 95 é uma reunião de diversão e nostalgia de alta qualidade que mais do que merece um espaço na sua estante.

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