Resenha: Bela Gratidão - Corey Ann Haydu

 
Editora Galera Record
Tradutora:
432 páginas
2018

Outras resenhas da autora: Uma História de Amor e TOC.

Um romance sobre amadurecimento e a dureza de crescer em uma cultura que exige das mulheres nada menos que a perfeição. Corey Ann Haydu explora as complexidades da família, os limites do amor e quão duro é crescer em uma cultura que premia a beleza acima de qualquer outra coisa e cobra das mulheres nada menos que a perfeição. Uma leitura atual que dialoga direta e honestamente com a multiplicidade de questões enfrentadas por adolescentes e jovens no mundo todo – a confusão do primeiro amor, os dramas familiares e a construção da própria identidade no meio de toda essa loucura. O livro está cheio de personagens realistas, que tropeçam nos próprios medos e cometem erros com alguns dos quais é impossível não se identificar. Montana e sua irmã Arizona têm um pacto desde que a mãe as deixou: São elas duas contra todo o mundo. Com o pai sempre imerso em relacionamentos tóxicos e uma sucessão de madrastas essa foi a maneira que encontraram de seguir em frente. Mas agora que Arizona foi para a faculdade Montana se sente deixada pra trás e perdida, mergulhando em uma amizade vertiginosa e empolgante com a ousada Karissa. No meio disso tudo, Montana encontra uma distração em Bernardo. Resta saber se Montana têm a confiança necessária no que sentem um pelo outro para encaixar Bernardo na sua vida imperfeita.
*sinopse original

Confesso que é sempre muito difícil resenhar um livro que você esperava ao menos gostar um pouco da leitura - mas que nem a esse ponto chegou. Aqui no blog, são poucas as resenhas realmente negativas que fazemos, porque sempre gostamos ao menos de algumas coisas em uma leitura.
Quando apareceu a oportunidade de ler Bela Gratidão, fiquei animada. A sinopse parecia boa e li e gostei muito do primeiro livro da autora, Uma História de Amor e TOC. Infelizmente, a leitura não foi muito proveitosa. Mas, claro, trata-se de uma opinião particular, então se você gostou da premissa, dê uma chance, pode gostar.


Bela Gratidão conta a história de Montana, uma garota que foi abandonada pela mãe quando mais nova e que se sente muito sozinha com a ida da irmã mais velha para faculdade e com o pai, cirurgião plástico que já teve inúmeros casamentos. Por causa disso, sua melhor amiga passa a ser Karissa, uma jovem livre e espirituosa, cujo sonho de Montana é ser do mesmo jeito com ela. Até descobrir que seu pai se casará novamente e mais uma vez, ela se ver perdida.
Para mim, o grande problema não foi nem a parte "técnica", pois Ann Haydu escreve muito direitinho, e acho que uma história melhor teria feito a leitura mais prazerosa. São muitas coisas que me incomodaram na leitura em si. O problema começa com a história, que é fraca. Apesar de boa, não é muito diferente dos livros jovens adultos que vemos atualmente por aí, e não há nenhum diferencial exceto por... bebidas e cigarros, que permeiam a história toda.
Montana, uma garota nova iorquina de 17 anos, não fuma socialmente ou apenas para parecer interessante aos olhos de outros jovens (o que já me soa errado). Ela fuma loucamente, além de se embebedar, com muitos capítulos do livro terminando dessa forma - e muita das vezes na frente do pai, que simplesmente não parece se importar com isso.
Portanto, isso me leva ao ponto principal: Os personagens não tem personalidade, sendo bem superficiais. O problema com o pai de Montana não se importar poderia ser visto como "ele não liga para a própria filha". O que me parece é que a autora simplesmente não quis aprofundar os personagens em questões que deveriam ser trabalhadas no livro, e nem ao menos quis construir os personagens de forma convincente. Muitas vezes li frases sobre o que um personagem gostava, mas que simplesmente não parecia se encaixar, porque eles não tiverem personalidades que os caracterizassem realmente. Ou, no caso de Bernardo, a paixonite de Montana, era caracterizado de forma um tanto forçada e artificial, fazendo que o relacionamento de ambos soasse da mesma forma.

Outro ponto que eu gostaria de destacar é que a história não tem bem um lugar para chegar. Ela conta a história de uma família cheia de problemas, mas que não tem realmente um ápice, um grande acontecimento de fato. Durante mais de 400 páginas, o leitor acompanha os dramas, amores e reflexões da protagonista vivendo sua vida e só. O livro começa e termina da mesma forma. Não há mensagens que me pareceram importantes, porque a própria autora não pareceu dar muita importância para isso. No livro, são abordados problemas com alcoolismo e drogas, a busca pelo corpo perfeito e padronizado, questões familiares, que poderiam trazer questões muito interessantes a serem debatidas, mas que passam batido e no fim, são meros acontecimentos, banais.

Por fim, eu gostaria de destacar os pontos positivos, que menciono dois: a relação entre Montana e sua irmã, Arizona e a relação entre Montana e suas madrastas.
Apesar de Montana sentir-se traída por sua irmã, pelo fato dela ter ido pra faculdade e ter mudado, é bem interessante acompanhar como, bem lentamente, elas vão se reaproximando. A relação é crível, e representa bem a questão de fraternidade, pois as duas, apesar de sempre discutindo, estavam sempre lá uma pela outra, nas questões mais íntimas de ambas.
E Montana apanha muito da vida ao longo do livro, mas creio que a decisão de revisitar algumas de suas ex-madrastas tenha sido uma ótima ideia, para que ela pudesse sair de sua zona de conforto e visse um pouco da vida. As ex-mulheres de seus pais destoavam bastante uma da outra e por isso, foi interessante observar por alguns trechos como era o passado da família.

Portanto, Bela Gratidão foi um livro que me decepcionou no geral, mas que ao menos teve pontos positivos que pudessem salvar minha leitura. Não desisti da autora e pretendo dar mais uma chance para os livros dela. E se você gostou, dê uma chance a leitura.

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