Resenha: Desafiador - Celso Possas Junior

Editora Itapuca
256 páginas
2016

Outras resenhas do autor: A Operação Baumann, O Revelador, A Farsa de Ártemis, Véu do Diabo.

Meninos testemunham um crime em 1993. Dezenove anos depois, uma funcionária da Polícia Federal é encontrada morta no Rio de Janeiro. Junto ao corpo, pistas misteriosas. Um novo assassinato acontece e os investigadores percebem que os dois casos estão relacionados. Outros corpos aparecem, sempre com objetos intrigantes. Haveria alguma conexão entre eles? A agente Sara Vargas e sua equipe lideram a caçada ao assassino, um homem com inteligência superior, que invade sistemas e desafia a polícia, sempre um passo à frente das investigações. Seu ponto fraco: ele também não resiste a um desafio. Em um ritmo eletrizante, duas mentes brilhantes duelam contra o relógio. Ninguém está seguro enquanto ele estiver à solta.


Celso Possas Junior já é um autor bastante falado aqui no blog. Li seu primeiro livro em 2017, e hoje, dois anos depois, ainda me impressiono com suas histórias.
Em Desafiador, logo de cara já nos é apresentada uma cena tensa, cheia de momentos que deixaram-me chocada e, até mesmo, confusa. Uma cena meio pesada, mas que é importantíssima para o enredo da obra. E assim permanece o ritmo ao longo de todos os capítulos, freneticamente, considerando que, já no capítulo seguinte ao prólogo, já há a investigação de uma morte.

O autor, ao longo de suas obras de suspense, conseguiu aprimorar uma narrativa que detalha e, ao mesmo tempo, vai direto ao ponto, tudo isso em poucas páginas, com a intenção de fazer o leitor emendar os capítulos. Com Desafiador funcionou perfeitamente, pois é o que pede a trama, narrada em terceira pessoa e que conta com um possível assassino em série, cujas únicas pistas são de seus próximos alvos.

Além da narrativa, deve-se mencionar o ótimo clima policial que permeia a história. Os mistérios ao redor dos sete assassinatos são bem intrincados e são o grande foco da obra, já que não há mistério sobre quem matou - há muitas cenas com o ponto de vista recaído sobre o assassino. Logo, o grande mistério está em entender o passado e as motivações do assassino, além de descobrir seu nome. Além disso, como mencionado já anteriormente, Possas Junior escreve um suspense policial cujo assassino não deixa pista alguma sobre ele, mas que gosta muito de deixar mistérios complicados de serem resolvidos sobre as próximas vítimas e desafios para a detetive Sara e a equipe da Polícia Federal. É bem interessante acompanhar os desdobramentos e descobertas do caso, que se encaixam direitinho, possuindo explicação.

Para enriquecer a narrativa, o autor usa e abusa dos cenários na história, sendo o foco de Desafiador, o estado do Rio de Janeiro em geral, passando por cidades da região metropolitana e do interior. Ainda assim, são mencionados lugares fora do Brasil e também do interior de São Paulo. Para deixar a trama o mais real possível, sempre que há a mudança de local na história, é feita uma breve introdução com algum fato histórico do lugar, tornando a história, além de uma boa ficção, uma oportunidade para ler curiosidades.

Foi uma surpresa um tanto agradável ver que a personagem principal da obra é uma mulher, Sara. Diria que é bem incomum ver uma protagonista feminina em livros de suspense policial, e ver que trata-se de uma mulher forte, firme, inteligente e bem construída foi um bônus muito positivo para a trama, além de atentar para o fato da representatividade nesse gênero literário.
A equipe geral da Polícia Federal também mostrou-se bem diversificada, o que sugere atenção especial do autor para essa parte.
Por último, o assassino é complexo. É o tipo de vilão que é perturbado, mas com motivação crível para suas ações. O jogo de gato e rato entre o vilão e a protagonista tem química, deixando o leitor curioso por mais.

Acho que a penúltima cena poderia ter sido descrita com mais calma, com uma explicação mais desmembrada. Foi preciso reler mais uma vez para acompanhar o raciocínio, que, em diálogos rápidos, deixou complicado entender de primeira. Em suma, Desafiador foi uma leitura deliciosa, deixando-me imersa no caso fictício sobre um assassino em série no Brasil.