Resenha: Sob a Luz da Escuridão - Ana Beatriz Brandão

Editora Verus
2018
336 páginas

Guerras e destruição, causadas pela ganância de um homem, quase levaram a raça humana à extinção. Com a radiação das bombas nucleares, o DNA humano sofreu mutações e uma nova espécie surgiu: os metacromos, seres especiais, com poderes extraordinários. Em meio ao caos de um mundo pós-apocalíptico, Lollipop e Jazz são resgatadas do instituto onde eram mantidas prisioneiras. Com as memórias apagadas, elas não sabem por que estavam ali nem quem as libertou.

E, enquanto buscam respostas sobre suas origens, só lhes resta lutar pela sobrevivência. Evan, um vampiro milenar, lidera com mãos de ferro uma das mais poderosas áreas do planeta. Mas quando, por obra do destino, ele reencontra a mulher que pensou estar morta há décadas, tudo desmorona e ele é obrigado a enfrentar o passado.

Ana Beatriz Brandão apresenta um mundo totalmente novo ao leitor em Sob a Luz da Escuridão. A raça humana não é mais a mesma, novas espécies foram criadas e agora é cada um por si. Uma história eletrizante, cheia de ação, tensão e romance, que vai provocar fortes emoções no leitor. Prepare-se e escolha seu lado nessa guerra: você é um metacromo ou um Deles?

*Sinopse original

"Os covardes morrem várias vezes antes da morte, mas o corajoso experimenta a morte apenas uma vez.Talvez a vida se resuma a isso. Em quantas vezes nós vamos morrer antes de o fim chegar e na coragem que vamos ter para enfrentar o mundo."

Raras são as vezes em que a equação ganância + poder não traz malefícios para alguém, ainda mais quando ela vem acompanhada de ódio e ignorância. Assim, a ambição e maldade desmedida de um homem resultaram nas 3° e 4° guerras mundiais, que destruíram o planeta e causaram mudanças impensáveis: alterações no DNA do ser humano, que passou a nascer com habilidades especiais e por isso são chamados de Metacromos. É nesse cenário caótico e pós apocalíptico que adentramos ao iniciar a leitura de "Sob a Luz da Escuridão", um livro que me surpreendeu ao trazer uma distopia com toques juvenis cheia de revelações.

Ana Beatriz Brandão já é uma jovem autora famosa no meio e com obras de um sucesso considerável, entretanto, mesmo tendo livros autografados dela na estante somente agora eu me aventurei em suas obras e posso dizer que o seu trabalho é muito melhor do que eu esperava. Começando pela escrita que me surpreendeu por ser bem menos amadora do que eu imaginava. Na realidade, a narrativa de Ana é bastante madura e bem escrita, com a fluidez necessária para estabelecer um ritmo ágil de leitura e nos prender à trama desde o início.


O enredo, por sua vez, também foi bem arquitetado. Em cada capítulo há novas situações e revelações que mantém o ritmo enérgico em alta e a atenção do leitor sempre alerta. Contudo, senti falta foi de uma exploração maior do cenário pós-apocalíptico em que a história se passa, que por sinal é muito bom mas que não teve o protagonismo que merecia: houve o momento em que descobrimos como tudo chegou ao ponto em que está mas faltou saber melhor como funciona a dinâmica atual daquele mundo.

Logo de cara conhecemos Lollipop e Jazz, duas jovens metacromos que foram resgatadas de uma clínica onde tiveram suas memórias apagadas e desde então, com a ajuda de Chris, elas treinam seus poderes - telecinesia e controle do fogo, respectivamente - no intuito de tentar sobreviver nesse mundo. Ambas são personagens de personalidades semi definidas no início da trama mas que vão se moldando conforme a história avança, porém, sem perder sua essência principal. Lolli e Jazz são do tipo de personagens que a gente gosta desde o início por conta da vida difícil, mas que em diversos momentos quer dar umas sacudidelas por conta de uma atitude ou outra (ou várias haha). Não fugindo muito da linha está Evan, um belo vampiro que logo se torna parte essencial da trama e que me fez relembrar a época em que eu suspirava por mocinhos sobrenaturais (sim, suspirei por ele, confesso, mas só um pouquinho) que faziam o estilo meio bad boy. Evan não chega a ser um bad boy de fato mas também não é de todo certinho - embora seja bonzinho - ou ao menos passa essa ideia inicialmente. Gostei bastante dele, creio que foi o personagem a quem mais me apeguei mas há também outros que ajudam a enriquecer o enredo, ainda mais pela trama ser contada por mais de um ponto de vista.

"Sob a Luz da Escuridão" foi uma das raras leituras que iniciei sem nem ao menos ler a sinopse mais atentamente e fiquei muito feliz de ter encontrado uma autora nacional que se aventurou no gênero distópico, que já é consagrado lá fora mas que por aqui, que eu tenha visto, ainda há poucos autores que se aventuram. Uma bela mistura de distopia com romance e boas doses de fantasia, a obra de Ana Beatriz me conquistou de cara e me deixou mais do que ansiosa com o desfecho que, embora previsível não teve o seu impacto diminuído e foi feliz em me deixar louca para ter o segundo volume dessa trilogia (o que só descobri ser uma trilogia após o fim da leitura) em mãos, um sentimento que há um tempo considerável nenhum livro conseguiu despertar.