Resenha: Red Hill - Jamie McGuire

Editora Verus
Tradutora: Ana Death Duarte
350 páginas
2015

Para Scarlet seu maior desafio é criar sozinha suas duas filhas. Para Nathan é estar casado com alguém por quem não se é mais apaixonado e voltar para casa somente por sua filha, Zoe. Já para Miranda é saber se terá espaço suficiente para sua irmã e seus amigos em seu carro,durante a viagem de fim de semana.
Quando a notícia de uma epidemia se espalha, todos se vêem em situações inimagináveis, com suas vidas entrelaçadas de forma inesperada na busca por abrigo e sobrevivência física e sentimental.
O inimigo está á espreita e ele não se lembra mais do que é ser humano.

"Todos fingíamos que as coisas melhorariam,mas a verdade não dita é sempre mais sonora que as histórias que contamos."

Tudo começa de forma lenta, com um experimento feito às escondidas por Elias Klein, um cientista que queria tornar possível o retorno à vida. Surgem notícias de um estranho vírus e infestações mas nada é levado sério e as pessoas continuam vivendo normalmente, até que que estranhos casos de doenças e violências são relatados: pessoas com seus órgãos internos morrendo rapidamente, mães sendo decepadas a mordidas pelos próprios filhos e todos voltando à "vida" horas após a morte. Ninguém quer acreditar, mas é impossível não ver o caos que o mundo se tornou e, assim, em meio à luta pela sobrevivência, as vidas de Scarlet, Nathan e Miranda se cruzam.



McGuire nos presenteia novamente com sua escrita fluida e extremamente gostosa, nos mostrando o quão versátil sua narrativa pode ser. São três pontos de vistas diferentes, um de cada protagonista, com narração em primeira pessoa e capítulos intercalados, onde cada um se passa em um local e momento diferente, nos mostrando tanto o passado e o presente quanto o futuro próximo, até o momento em que  todos se encontram. Pode parecer um pouco confuso, mas essa forma se encaixou super bem, deixando o texto e a leitura muito ágeis.

Apesar da temática zumbi, Red Hill é um New Adult e, como parte do gênero, tem sua narrativa focada nos dilemas e emoções dos personagens. Assim, conhecemos Scarlet, uma mulher forte e decidida, que está em uma jornada para encontrar suas filhas Jenna e Hale. Nathan, um jovem pai sem muitas perspectivas, que precisa achar um lugar seguro para criar sua garotinha, Zoe, por quem vive exclusivamente (me arrisco a dizer que foi o meu personagem favorito). E por último, mas não menos importante, Miranda, uma jovem universitária que não se relaciona muito bem com o pai e que simplesmente tenta sobreviver junto à irmã e seus respectivos namorados. São três pessoas com idades, personalidades e vidas, até então, distintas que se vêem na mesma situação desesperadora na busca por um local seguro.
 Além deles há também uma miríade de personagens bem grande, uns sobrevivendo mais do que os outros, mas todos com sua devida importância. Alguns tão cativantes que foi quase impossível não chorar a sua morte (mortes que acontecem a todo momento, então prepare-se).

A trama tem um início frenético, cheio de acontecimentos e certo suspense, mas lá pela metade ganha certa monotonia, retomando em seguida um pouco da agilidade inicial. Alguns acontecimentos finais, como algumas mortes e relações amorosas, foram, ao meu ver, desnecessários e acabaram deixando o fim um pouco corrido, mas nada que seja extremamente prejudicial ao enredo.
O apocalipse zumbi pode até ser um tema muito explorado, mas nem por isso fica batido e sempre há chances de encontrarmos algo novo e/ou bom sobre o gênero, como Red Hill, que não é nenhuma obra prima rastejante (piadinha infame), mas ainda assim é uma ótima leitura tanto para quem não conhece o estilo quanto para os fãs do gênero, desde que estes mantenham a mente aberta.