Resenha: Silêncio - Richelle Mead

 
Editora Galera Record
Tradutora: Daniela Dias
280 páginas
2016

Fei é uma jovem aprendiz de artista que mora em uma vila onde todos são surdos. No topo de uma montanha, as pessoas sobrevivem em uma relação com a cidade no pé da montanha, onde trocam minérios por mantimentos. Entretanto, a cegueira chega para assolar os moradores, o que faz com que a quantidade de minérios extraídos diminuam e com isso, a quantidade de suprimentos diminua também. Énesse momento que, misteriosamente, Fei recupera a visão. E vai embarcar em uma aventura para descer a montanha e conversar com as autoridades, acompanhada de Li Wei, minerador, conhecido e antigo amor.

Como é de praxe em suas histórias, Mead novamente nos apresenta uma história recheada de ação, fantasia e romance, baseada em mitologia, dessa vez, a chinesa.
A história de Fei parte da premissa de que há muito tempo, os pixius, criaturas míticas que tomavam conta da montanha, foram dormir e por isso, todo o povoado ficou surdo. Ninguém vivo na vila lembra-se de conhecer uma geração que ouvia, prova de que há muitas gerações eles viviam em silêncio. Até que Fei começa a ouvir, e vai virar a peça para conversa entre os surdos e a cidade no pé da montanha.

Silêncio tem uma história instigante, começando com os personagens, já que livros que retratam os asiáticos não são muito traduzidos aqui, ao meu ver. Entretanto, sua narrativa é extremamente rápida, e nesse caso, considero algo negativo porque com isso, tudo na história acontece rápido e fácil demais. Não há tempo de sentir qualquer tipo de emoção com os perigos que os personagens enfrentam, porque começa e na página seguinte já acaba, sem que haja um frenesi.
Ainda assim, a escrita da autora ainda é maravilhosa, deixando o leitor curioso para descobrir o que vai acontecer com os personagens, já que tudo é novidade, e por isso, são muitas descobertas, algumas óbvias, outras nem tanto.

Mead detalha a história com muito cuidado, para que não haja falhas na narrativa. Fei volta a escutar, mas não tem ideia de como definir os nomes, tipos e volumes de sons que ouve. Ao descer na cidade, ela não entende o que falam, permanece na linguagem de sinais. Acho que esse cuidado deixou a história muito mais real e convincente, considerando o quão a ideia me parece original.
Outro detalhe a se destacar é que há diálogos, mas não da forma convencional. Todos são em forma de “pensamento”, destacados no livro em itálico, para que o leitor não esqueça em momento algum que eles falam na linguagem de sinais, e não em voz alta. Eu não tenho certeza se teria tanta consciência disso caso não fosse bem demarcado como foi.

“E o grito de dor ou de raiva... Bem, esse é inteiramente diferente. Ele vem de um lugar mais obscuro, das profundezas da nossa alma, e, quando gritamos nesses momentos em que estamos tristes ou com muita raiva, existe uma constatação terrível que acompanha esse ato: a de que estamos dando voz a uma emoção que é simplesmente grande demais para caber no nosso coração.”

Todos os personagens são bem construídos, apesar de eu não sentir tanta ligação com nenhum deles. Assim como nas outras personagens de Mead, Fei é uma garota forte, corajosa e independente, fazendo algumas coisas até meio difíceis de se acreditar, que julguei meio irreais. Ela possui muita química com seu interesse amoroso, Li Wei, e foi um casal que torci desde o início. A coisa que mais achei fofa é o cuidado que fei tem com sua irmã, Zhang Jing, fazendo o impossível por ela. Ela resolve passar por todos os perigos para salvar a irmã, que era uma aprendiz como ela, mas que foi atingida pela cegueira, perdendo seu posto.

As cenas finais são maravilhosas, e deixa um gostinho de quero mais. Entretanto, trata-se de um volume único, então a história de Fei não vai continuar. As mensagens de crueldade do ser humano são importantíssimas, me fazendo parar para prestar atenção e perceber o quão isso é normal em nosso mundo, e o quanto a mensagem da autora é real.
Apesar das coisas que me desagradaram, Silêncio mostra-se uma leitura divertida, ágil e diferente e apesar de eu não considerar o melhor trabalho de Richelle Mead, é uma leitura totalmente válida

4 comentários:

  1. Faz algum tempo que eu quero ler esse livro, parece ser uma leitura intensa e completamente intrigante. O enredo parece se desenvolver muito bem e não vejo a hora de matar a minha curiosidade

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  2. Adorei o contexto do livro, da para explorar muita coisa com essa ideia de uma vila de surdos, surto de cegueira e mitologia chinesa. Pena que a autora não desenvolveu melhor o climax das cenas de ação. Parabéns pela resenha :D

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  3. Oiii, tudo bem?
    Estou com vontade de ler esse livro desde o lançamento, a obra em si desperta meu interesse principalmente por ser bem diferente da minha zona de conforto, dica super anotada.
    Beijinhos

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  4. oi!!

    Gostei muito da sua resenha, e nunca li nada desse gênero ou com uma estória tão diferente, gostei de como a autora aborda as dificuldades dos surdos/mudos (pois não tem como ler e não se imaginar nessa situação) e dos cegos. EMbora a narrativa seja rápida, me vejo lendo esse livro e conhecendo um pouco mais de algo tão excêntrico. Beijos!!!

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