Resenha: Sonata em Punk Rock - Babi Dewet

Editora Gutenberg
300 páginas
2016

Valentina Gontcharov é uma jovem garota que adoraria viver da música, mas não pode devido às condições financeiras com a mãe, já que o pai, famoso violinista, abandonou a ambas. Tudo muda quando Tim, como prefere ser chamada, é aceita na Academia Margareth Vilela, famosa academia de música brasileira. Com seu estilo punk rock e conhecimento e falta de interesse nulo em música clássica, Tim terá que superar seus medos, inseguranças e preconceitos, precisando encarar o temido piano. O que torna as coisas mais difíceis é Kim, um pianista prodígio arrogante e metido, que parece estar em cada lugar que ela vai.

Há alguns anos atrás, em 2011, li o primeiro livro de Babi Dewet, Sábado à Noite. Confesso não lembrar muito sobre e nesses seis anos, cheguei a me afastar e reaproximar do mundo literário. Quando li que ela lançaria Sonata em Punk Rock, fiquei eufórica por dois motivos: o primeiro, poder novamente ler algo dela; o segundo, por causa da capa linda e maravilhosa. E que delicinha foi conhecer o início da carreira musical de Tim.

Babi Dewet tem uma narrativa bastante despojada. Para contar a vida de Tim, o livro é narrado em terceira pessoa, mas como se fosse um filme onde a protagonista narra a própria história. Com isso, temos vários questionamentos, comentários engraçadinhos e mesmo que o leitor não “esteja” na cabeça da personagem, é fácil compreender o que está sendo sentido.

“O amor pela música sempre deveria ser maior do que a responsabilidade.”

Tim é uma protagonista bem interessante, onde, como de praxe, é a garota diferente, de seu modo de se vestir, até suas atitudes e gostos musicas. O que deveria ser comum, no entanto, não é. Tim é realmente forte e absurdamente frágil ao mesmo tempo. Em alguns pontos me perguntei o motivo de ela aguentar a arrogância de Kim, mas ao longo da obra, torna-se compreensível, ou no mínimo tolerável. Já Kim é o típico protagonista de dramas coreanos. É arrogante, às vezes até sendo cruel, mas que é só uma casca para alguém triste e sensível, que começa a mostrar mais conforme está com a protagonista.
Apenas realço que gostaria de ter lido mais de Érica, que não é esquecida, mas é meio indefinida para uma melhor amiga, ainda que à distância. Entretanto, os outros 3 amigos que Valentina faz na Academia Margareth Vilela são bem apresentados e são muito divertidos em seus diálogos, o que me faz esperar que continue assim no próximo volume.

A autora constroi uma trama dedicada a acabar com os preconceitos e evidenciar as minorias, do racial ao musical. Ao longo das 300 páginas, são abordadas a homossexualidade, o racismo, o feminismo e até mesmo a xenofobia é mencionada. Dewet também traz o preconceito sobre gêneros musicais, onde vários são mencionados na história e sobre o ligeiro “preconceito” que há com alguns deles atualmente.

Vale ressaltar também que as referências nerds estão presentes ao longo de toda a obra, tornando a história ainda mais íntima a um leitor que se identifica. De histórias como Guia do Mochileiro das Galáxias ou Star Wars, até simples curiosidades musicais, Babi fundamenta a trama a ser mais crível, por mais que alguns outros detalhes principais - como uma mega escola de música no interior do Rio de Janeiro - pareçam mais exagerados. Por sinal, essa foi a parte que menos gostei, por achar que ficou destoante demais. Uma das melhores escolas de música da américa latina, onde jovens do mundo inteiro vêm para estudar e que fica em uma cidade fictícia do interior do RJ. Confesso que essa parte realmente não colou pra mim, mas é uma opinião bem pessoal.

Sonata em Punk Rock é um juvenil empolgante, ainda que não haja um grande segredo ou ápice na história e seu final seja aberto com um gancho para um novo volume da série. Perfeito para qualquer hora, o livro é a pedida ideal para quem deseja ler algo leve, divertido e descompromissado.

Sobre a série:
Sonata em Punk Rock é o primeiro volume da série Cidade da Música e foi lançado durante a bienal de 2016. Não há informações sobre os volumes seguintes.

5 comentários:

  1. Adorei a resenha! Eu ainda não conhecia a autora, mas fiquei com vontade de ler o livro, apesar de também não saber que tinha uma série sobre. Confesso que já fiquei com um pouquinho de raiva do Kim, rs e achei muito interessante o fato de abordar o preconceito. E com relação a ser no interior do RJ me deixou mais curiosa, por ser uma carioca fico sempre atrás de livros que citam o nosso estado. Ótima resenha!
    Amei o blog e já estou seguindo o cantinho de vocês, minhas vizinhas de cidade. Haha
    Um grande beijo!!!

    www.r-nuvens.blogspot.com

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  2. Olá!
    Ainda não li nada da Babi, mas tenho muita curiosidade de conhecer a escrita da autora.
    A capa é linda e a premissa é bastante interessante. O fato de a obra abordar tantos assuntos como os mais diversos tipos de preconceitos, inclusive o musical, deve deixar a história ainda mais interessante.
    Pretendo ler em breve.
    Beijos.

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  3. Oi, Camila! Já tinha visto essa capa maravilhosa, mas eu só soube do que se tratava a história através da sua resenha kk, e adorei! Achei super interessante o livro conter não apenas a paixão da Tim pela música como também outros temas que geram muito preconceito. Fiquei curiosa em relação a trama, não sabia que esse livro era uma série e espero ler um dia. Obrigada pela dica, bjss!

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  4. Olá! Gostei de cara de Kim, uma personagem forte e frágil ao mesmo tempo, o que é bem humano em minha opinião, pois todos nós temos nossos momentos. Curto livros com diálogos entre amigos e que tratem de amizade e falou que tem polêmica (ainda mais quando se trata de desconstruir preconceitos), este livro é para mim! Muito legal mesmo, vou colocar em minha lista para futura leitura.
    Beijos!
    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  5. Ótima resenha! Tenho muita vontade de ler esse livro. O que me desanima é que não ando mais com paciência para personagem badboy, que é arrogante e cruel mas no fundo tem bom coração d.d
    Mas um dia dou uma chance para esse livro.

    Epílogo em Branco

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