Resenha: À Primeira Vista - David Levithan e Nina LaCour

Editora: Galera Record
Tradutora: Regina Winarski
294 Páginas
2017

Mark e Kate estudam na mesma escola e se sentam lado a lado nas aulas de cálculo mas nunca se falaram... até se encontrarem em uma das festas da semana do orgulho gay em São Francisco.
Apaixonado pelo melhor amigo que não da indicios de que sente - ou não - o mesmo por ele, Mark aceita um desafio inusitado que mudará a sua vida. Enquanto isso, Kate está na platéia fugindo da garota que ela ama a distância a vários meses e cheia de pensamentos confusos por não se achar mais em sintonia com suas amigas. Até que avista Mark, se encanta por ele e decide que eles vão ser amigos.
Uma ligação instantânea que se torna mais forte em meio a fotógrafos famosos, festas exclusivas e exposições em galerias de arte e os faz perceber que em pouco tempo já conhecem um ao outro como ninguém.
Uma história encantadora sobre uma amizade à primeira vista e as alegrias e tristezas do primeiro amor.

"Já me disseram que, se eu for me apaixonar por alguém, é sempre melhor me apaixonar por alguém que me ame também."

Sempre gostei muito do David Levithan mas, apesar de ter vários títulos dele na minha estante, há tempos eu não lia nada escrito por ele. Mesmo depois de solicitar esse livro a editora, levei um tempo até me decidir a iniciar essa história por parecer ser um livro mediano e quando o fiz tudo o que eu conseguia pensar era "Tá aí o livro que vai finalmente me tirar da ressaca literária!". Dito e feito!

Kate e Mark estudam juntos mas nunca trocaram uma palavra até, numa ocasião bem inusitada, se tornarem grandes amigos. A partir daí, juntos eles passam a enfrentar as mazelas do primeiro amor, de se apaixonar pelo melhor amigo e não ter certeza se ele sente o mesmo por você e do medo que todos sentimos das mudanças da vida.

Mark e Kate são personagens adoráveis e não teve como não me encantar com eles e com seus dramas e inquietações, que possuem uma dose cavalar de realidade, desde as primeiras páginas. Mark é um daqueles personagens que da vontade de colocar no colo e consolar, dizendo que tudo vai ficar bem. Já Kate me deixou com uma imensa vontade de chamá-la para conversar e dizer: "Vem cá, me conta o que está acontecendo. Vamos tentar resolver isso.".

As escritas de Levithan e LaCour combinam e se encaixam de forma primorosa, formando uma narrativa extremamente agradável e fluida, além de conseguir ser tocante mesmo não havendo uma carga dramática relevante. Dividido em sete sessões que equivalem aos sete dias da semana - tempo em que dura a trama -, os capítulos se alternam entre os dois protagonistas, nos trazendo a visão de ambos, o que ajudou a deixar a leitura mais instigante e mais rápida.

Os autores trouxeram uma bela quantidade de representação e de assuntos relevantes; de problemas emocionais e insegurança aos relacionamentos homoafetivos e o grande passo de se assumir gay. O único ponto fraco que eu destacaria seria a falta de profundidade em algumas partes da trama, como o relacionamento dos personagens principais com seus pais por exemplo, que seria um excelente acréscimo.

"A maioria das vidas é longa, e a maioria das dores é curta. Os corações não se partem de verdade; eles sempre continuam batendo."

À Primeira Vista é uma bela história sobre amizades, primeiros amores, o início da vida adulta, o medo do desconhecido, das escolhas e tomadas de decisão. Medos reais que todos nós já enfrentamos ou iremos enfrentar em algum momento da vida e que faz a identificação com os personagens de David e Nina ser imediata. Uma leitura pela qual é impossível não se apaixonar.