Resenha: Nicola e o Visconde - Meg Cabot

Editora Galera Record
Tradutora: Marcela Filizola
272 páginas
2017

Nicola é uma jovem orfã de 16 anos, que viveu em um internato até completar a idade para arranjar um pretendente. Ela já sabe exatamente quem quer: Lorde Sebastian, futuro conde e irmão de uma de suas amigas. Por sorte, ela é convidada para morar com eles durante a temporada, fazendo com que ambos fiquem cada vez mais próximos. Mas será que Nicola está atrás do Visconde certo?

Nicola e o Visconde é o segundo livro de romance histórico juvenil escrito pela autora Meg Cabot, que conta com Victoria e o Patife. Ao iniciar a leitura, imaginei se tratar de algo no mesmo estilo e bem semelhante ao primeiro livro. Entretanto, fui surpreendida ao me deparar com uma história ainda melhor e mais apaixonante que o primeiro livro.
A história conta que Nicola ficou orfã ainda muito nova, e por só ter um "tio" muito distante e uma abadia de herança, foi para um internato para aprender a ser uma dama. Ao sair de lá, é hora da temporada de bailes, onde ela espera ser pedida rapidamente em casamento.

"Quando eu amar alguém será para sempre, e não por causa da aparência daquela pessoa, ou por ele me fazer rir ou não, mas porque teremos uma visão comum da vida e de tudo que nela há de inesperado, formando uma ligação única e impossível de ser definida."

Por se tratar de um livro juvenil, a trama é um tanto simples e sem muitas complicações, nos mesmos moldes de Victoria e o Patife, e meu medo incluia que fosse no fim das contas, a mesma história com personagens diferentes. Felizmente não é, apesar de terem a mesma estrutura. A narrativa de Cabot continua tão cativante como sempre - já é basicamente inútil mencionar isso em suas resenhas. Mas há algo em seus romances históricos que deixa a coisa diferente. Não há gírias e existe uma linguagem mais formal, ainda que não seja de época. Contudo, o humor ainda está em cada linha da autora e a impressão que fica é que é uma narrativa recheada de acidez e ironia. Inclui também um pouco de crítica, ao meu ver, à algumas atitudes superficiais da época, como a obcessão de Nicola em tirar as penas do vestido da amiga, porque segundo ela, não a valoriza.

Assim como no primeiro livro do gênero escrito pela autora, ressalto que não há a demarcação exata de uma época, algo que me incomoda um pouco. Porém, em Nicola e o Visconde há muito mais referências a lugares de Londres e menções à locomotivas, ainda em seu início. Por isso, nesta obra é muito mais fácil imaginar os cenários e vestimentas da época, já que a delimitação de tempo-espaço foi melhor elaborada.

Dividido em duas partes, o livro narrado por Nicola também tem a essência da protagonista. Ela é um tanto impetuosa e decidida, além de corajosa, características que são marcantes para a época e muito bem-vindas em um livro assim (olá, orgulho e preconceito). Por causa de sua inteligência, não há tantas passagens digamos assim... bobas, já que todas são resolvidas na hora. Confesso que seu par me deixou apaixonada e torcendo muito para que desse certo. As questões que ela levanta para reflexão também são bem pertinentes, até mesmo para adultos - e seu gosto pela leitura e citações enriquecem um tanto a trama.
Nesta obra, os personagens também são melhor construídos e mais carismáticos, até mesmo aqueles criados para serem odiados desde o princípio.

Como há a mesma estrutura de outros livros da autora, há também um ápice bem esperado por mim, que foi mais divertido e empolgante do que imaginei que seria, enfatizando meu gosto pela protagonista. O final, além de engraçado, possui ação e um tantinho de drama regado a romance, tornando-o um ótimo romance infanto juvenil.
Por isso, considerei Nicola e o Visconde bem melhor que Victoria e o Patife.
Nicola e o Visconde, é, portanto, um delicioso histórico juvenil, que pode agradar inclusive aos mais velhos, pelas mensagens inspiradora e por uma mocinha bem decidida, mas passível de mudanças.