Resenha: Tartarugas Até Lá Embaixo - John Green

Editora Intrínseca
Tradutora: Ana Rodrigues
256 páginas
2017

Aza Holmes é uma garota metódica. Na verdade, sua ansiedade provoca problemas em sua cabeça, e a garota não consegue sentir-se em paz até que obedeça aos mandamentos incontrolados da mente. Aza tem TOC, mas também tem uma amiga que está sempre ao seu lado, por mais que às vezes seja muito difícil de lidar com ela. Quando um bilionário desaparece e oferecem recompensa milionária por informações de seu paradeiro, Aza e Daisy veem a oportunidade perfeita para receber o dinheiro e melhorarem suas vidas, já que Aza era muito amiga do filho do bilionário, Davis. E nesse processo para encontrar o homem e receber uma gorda quantia, ela espera não se apaixonar.

Creio já ter lido quase todos os livros de John Green - falta-me apenas o conto, que não tenho muito interesse em ler. Autor consagrado, acompanho-o desde Quem é Você, Alasca?, na época que a maioria dos blogueiros leu o livro ainda em inglês e amou - e eu odiei. Com essa última frase, aparento ser alguém que não gosta do autor, mas eu gosto. Ele tem de livros muito bons, a medianos e os ruins. Tartarugas Até Lá Embaixo é um livro bom, mas podia ser melhor.

Apesar de na sinopse oficial haver grande foco sobre o misterioso caso do bilionário desaparecido que Aza tenta resolver, não é dado muita atenção a essa trama no livro. Na verdade mesmo, os pontos principais da história é a doença de Aza e como ela tenta lidar com a situação; e sua grande amizade com Daisy, muito real e amável, ainda que muitas vezes haja discussão entre as duas, ocorrendo então alguns dos melhores diálogos do livro.
Ao mesmo tempo, desenrola-se um romance entre Aza e Davis, sendo possível acompanhar também o lidar da garota com a situação, já que é tudo novo para ela, deixando-a sobretudo, nervosa e preocupada.
A escrita de John Green já é bem conhecida por mim, ainda que eu não seja capaz de defini-la muito bem. O autor, assim como em suas outras obras, insere muitas referências geeks e informações - algumas úteis, outras nem tanto, mas sempre válidas. Tartarugas Até Lá Embaixo possui uma linguagem simples, mas também cheia de metáforas e passagens intensas e reflexivas. Um exemplo disso é o blog de um dos personagens. Particularmente, achei que dessa vez as inúmeras passagens do tipo me foi um pouco cansativa.

"Mas de onde as estrelas estão olhando para nós, quase não há diferença entre as variedades de vida, entre mim e a grama recém-aparada onde estou deitado agora mesmo. Somos ambos deslumbramentos, o mais próximo de um milagre no universo conhecido."

O que me foi mais incômodo na leitura, entretanto, foi a questão do próprio transtorno de Aza. O TOC é sério, e muitas pessoas os têm, de graus leves aos mais sérios. Também manifesta-se de inúmeras maneiras. O que me incomodou foi que basicamente John Green resumiu o transtorno que ele mesmo tem no nervosismo com germes e bactérias. Ele não abordou ou mesmo mencionou outras formas e comportamentos que existem, resumindo a condição de Aza ao problema com esses seres vivos e a compulsão de pesquisar no google - apenas por eles. Porém, por mais que de certa forma Green tenha resumido o Transtorno Obcessivo Compulsivo a apenas germes e bactérias (que é a forma como muitos conhecem o TOC), ele soube retratar muito bem a ansiedade e os pensamentos de uma pessoa assim. O autor escreve de forma que o leitor fique perturbado, com a briga interna de Aza Holme com sua própria mente, com pensamentos e atitudes um tanto descontroladas.

Para resumir, Tartarugas Até Lá Embaixo quase cumpre com seu objetivo - é um ótimo livro para entreter, rápido de ser lido e com muitas informações aleatórias e divertidas, mas que falha um pouco em informar mais amplamente sobre o assunto mais importante a ser tratado - o TOC. É interessante para um início no assunto, mas que deixa tudo muito no básico. Ainda assim, não deixa de ser uma história leve e contagiante, bem ao estilo do autor.

1 comentários:

  1. Oi! Eu não consegui me apaixonar por todos os livros do autor. Mas, quando li a sinopse desse, fiquei curiosa por abordar o toc. Uma pena ele não ter se aprofundado no tema, de repente quis deixar a leitura mais fluída e fácil de compreender. Bjos ❤

    Click Literário

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