Resenha: Heroínas - Laura Conrado, Pam Gonçalves e Ray Tavares

Editora: Galera Record
256 páginas
2018

Outras resenhas das autoras:
Pam Gonçalves - O Amor nos tempos de #likes
Ray Tavares - Os Doze Signos de Valentina

Não faltam heróis. Dos clássicos às histórias contemporâneas os meninos e homens estão por todo lugar. Empunhando espadas, usando varinhas mágicas, atirando flechas ou duelando com sabres de luz. Mas os tempos mudam e já está mais do que na hora de as histórias mudarem também. Com discussões feministas cada vez mais empoderadas e potentes, meninas e mulheres exigem e precisam de algo que sempre foi entregue aos meninos de bandeja: se enxergar naquilo que consomem.
Este é o livro de um tempo novo, um tempo que exige que as mulheres ocupem todos os espaços, incluindo a literatura.
Laura Conrado imaginou as Três mosqueteiras como veterinárias de uma ONG, que de repente contam com a ajuda de uma estudante que não hesita em levantar seu escudo para defender os animais.
A Távola Redonda de Pam Gonçalves é liderada por Marina, que diante do sumiço do dinheiro que os alunos de sua escola pública arrecadaram para a formatura, desembainha a espada e reúne um grupo de meninas para garantirem a festa que planejaram.
E Roberta é a Robin Hood de Ray Tavares. Indignada com a situação da comunidade em que vive, a garota usa sua habilidade como hacker para corrigir algumas injustiças.
Este é um livro no qual as meninas salvam o dia. No qual elas são o que são todos os dias na vida real: heroínas. Finalmente.
*Sinopse original

"Eu aprendi a escutar e a valorizar a fala da outra, ainda que, às vezes, seja uma fala diferente da minha; a voz de toda mulher deve ser respeitada. Sororidade é isso, né? É a gente se reconhecer uma na outra."

Vindo pra mostrar a força e a capacidade das mulheres, Heroínas é uma coletânea de contos inspirados nos clássicos Os Três Mosqueteiros, Os Cavaleiros da Távola Redonda e Robin Hood. Todos originalmente protagonizados por homens, agora as histórias são contadas por meninas, em tempos bem atuais, que se dispõem a "salvar" o dia de uma forma bem heroica e cheia de atitude.


Uma por todas e todas por uma

Laura Conrado escreveu o primeiro conto do livro, onde conta a história de Daniela D'Artagnan, uma adolescente que sonha em ser veterinária e deseja trabalhar na famosa ONG de proteção animal Mosqueteiros. Em meio aos estudos e preparatórios para o vestibular, a menina encontra diversos obstáculos para manter ativo o local que cuida de diversos animais abandonados e acaba ganhando amizades valiosas.

A temática desse conto é incrível e uma realidade bem viva na vida de todo amante dos animais desse país onde o abandono animal ainda é uma realidade muito triste e constante. Laura soube muito bem transmitir essa questão, assim como o amor da protagonista pelos animais e a sua força em defendê-los e ao local que os acolhe. Foi o meu primeiro contato com o trabalho da autora e fiquei muito contente com o que encontrei: uma trama bem arquitetada e escrita, de leitura agradável e ágil e com um tema sensacional.

Formandos da Távola Redonda

Escrito por Pam Gonçalves, o segundo conto apresenta Marina Artiaga que está prestes a se formar no ensino médio. Líder do comitê de formatura, a menina tem que lidar com um relacionamento complicado, pressão familiar, o roubo do dinheiro da festa e um problema aparentemente sem solução: como recuperar, em 8 semanas e com a ajuda de mais 5 colegas, o valor necessário para a festa de formatura acontecer?

Eu adoro a Pam desde os tempos em que ela tinha um blog onde publicava suas resenhas escritas e eu mais do que aceitava várias das suas recomendações de leitura. Nesse conto ela trouxe situações - e protagonistas - bem reais, mesmo para quem já passou do ensino médio, e passíveis de acontecerem com qualquer um. A forma como as meninas lidam com as situações são bem legais de acompanhar e causam identificação, senão pelas situações pelas dúvidas e conflitos que possuem. Foi bem gostoso de ler e acompanhar esse conto, tanto pela narrativa quanto pela história em si.

Robin, a proscrita

O último conto foi escrito por Ray Tavares e é onde conhecemos Roberta, que ficou orfã e só consegue pensar em conseguir justiça. Com a ajuda de suas habilidades tecnológicas que a tornam uma excelente hacker, ela, com a ajuda de grandes amigos, literalmente tira dos ricos (e sem caráter) para dar aos pobres. Fazendo justiça mas entrando em muitos problemas.

Ray foi também uma autora nova para mim, já que quem a leu e resenhou o primeiro livro dela para o blog foi a Camila, e me apaixonei pelo seu conto que foi o meu favorito dentre os que compõem o livro. Com uma realidade muito atual e recorrente, a autora abordou diversos problemas e sociais em uma trama que também possui a dose certa de romance e bom humor sem deixar de ser rica em detalhes mesmo em seu tamanho pequeno. Foi uma leitura muito boa, muito agradável e que só me fez querer mais do trabalho dela.

Trazendo contos com situações e conflitos bem reais nas mais diversas áreas, Laura, Pam e Ray conseguem - junto a leituras muito agradáveis - trazer à tona a importância de valores como a amizade, amor e respeito aos animais e justiça, além de proporcionar a possibilidade da representatividade com tantas personagens sensacionais e a necessidade da sororidade. Afinal, juntas somos mais fortes!