Resenha: O Sétimo Dia - Kerry Dewery

Editora: Astral Cultural
Tradutor: Ivar Panazzolo Junior
336 páginas
2017

Outras resenhas da autora: A Sétima Cela

Atenção! Contém spoilers do primeiro livro

Finalmente liberta, Marta Honeydew  foi solta da Cela 7 mas ainda tem cada passo seu vigiado pelo governo que a vê como um perigo. Agora no seu lugar está Isaac, seu único amigo e a pessoa que arriscou a vida para salvá-la. Nada mais justo que arriscar a sua vida por ele também, não é? Mas com tantos inimigos à espreita, será que ela vai conseguir?

"Há muitas pessoas que conhecem a verdade, mas poucas que a dizem."

Marta conseguiu: ela sobreviveu ao corredor da morte e agora está livre graças a Isaac. Mas agora é o rapaz quem está preso e precisa da ajuda de Marta para não ser executado, o que não vai ser nada fácil já que o povo clama pela execução do culpado. 7 dias para traçar e pôr em prática um plano de salvamento e sendo caçada pelo governo que a tem como foragida, a questão mais urgente de Marta é saber em quem ela pode confiar.

"O Sétimo Dia" parte exatamente do ponto onde o livro anterior termina e segue a mesma estrutura onde cada capítulo equivale a uma semana e a uma cela. Porém, pela protagonista estar livre a maior parte dos acontecimento se dá do lado de fora da prisão, o que faz o cenário ao qual estávamos acostumados no primeiro livro mudar bastante o que foi uma mudança muito bem vinda pois ajudou a trazer uma nova dinâmica para o livro que é ainda mais tenso do que o anterior.

A narrativa se mantém ora em terceira pessoa, ora em primeira e se divide entre apresentar a visão de Martha e de outros personagens que são apresentados nesse livro, além de manter os capítulos que representam o programa "Morte é Vida". O ritmo da leitura praticamente não mudou: as partes lentas são compensadas pela escrita direta da autora que poupa o leitor da enrolação e nos guia num ritmo contínuo em direção ao ponto central da trama. Além disso o romance que a autora manteve entre os protagonistas, mesmo não sendo o foco, ajuda a suavizar todo o clima tenso no qual os personagens estão envoltos e nos dá um motivo a mais pelo qual torcer (ou não).

Kerry mantém nesse segundo volume toda a carga de críticas e questionamentos sociais, tanto do governo quanto da sociedade em si, desenvolvendo muito bem todas essas questões enquanto nos prende na rede de intrigas e alienações que envolve toda a história, me causando mais uma vez reflexões acerca da minha realidade e - tristemente - me fazendo enxergar traços dessa realidade em meio à ficção.

Com um desfecho que possibilita novos rumos, "O Sétimo Dia" conseguiu manter o bom ritmo da trilogia e renovou o fôlego para o que ainda está por vir enquanto proporcionou uma leitura rápida e de ritmo constante. Uma continuação que mais uma vez faz o leitor pensar ao tocar na consciência - e ficar em agonia por não ter o livro final em mãos -.