Resenha: Ativista - Joe de Lima

Publicação independente
424 páginas
2017

ATENÇÃO: Por se tratar o terceiro volume de uma trilogia, essa resenha pode conter spoilers.

Leia a resenha de Arcanista e Armamentista

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Vera Cruz está em guerra. Em meio ao caos dos conflitos, um novo governo se estabelece, instaurando uma ditadura violenta e implacável. Ainda se recuperando, Marcel tem de se preparar para sua próxima missão.

Ao mesmo tempo, Camilla e Flora fazem planos para libertar o país. Contudo, o atrito entre elas é cada vez maior. Em meio às festas de fim de ano, Marcel e seus companheiros irão atravessar o país, encontrando novos aliados e inimigos, enquanto lutam para salvar seus familiares e para mudar o destino de Vera Cruz.

Na explosiva conclusão da série, Joe de Lima apresenta uma obra cheia de ação, romance, adrenalina, fanatismo político e reviravoltas surpreendentes.

*Sinopse original

"De onde vem o dom não importa, o mais importante é como o usa."

Terceiro volume da Trilogia Vera Cruz, Ativista vem pra fechar a história de Marcel e companhia que vivem na distópica Vera Cruz, que agora se encontra em guerra. Tido como um traidor, o rapaz - que teve sua família presa - está sendo constantemente perseguido enquanto vê o mundo como o conhece mudar constantemente e  redescobre os seus poderes que agora, sem a gema, estão cada vez maiores e mais perigosos. Para ele e para todos. Faz um bom tempo que eu li o segundo livro da trilogia (muita coisa aconteceu na minha vida entre o laçamento de um e outro livro, por isso a demora em ler o terceiro volume) e acabei me desconectando do mundo distópico de Vera Cruz mas, graças às minhas anotações pessoais, lembro muito bem do que Marcel, seus amigos e inimigos enfrentaram para chegar até aqui e do que achei dessa jornada até então.


Uma coisa bastante notável pra mim nos livros e Joe é que os seus personagens estão sempre evoluindo. Nenhum deles é estático e isso é perceptível nesse volume, onde os personagens estão muito mais humanizados e sentimentalmente abertos - ou ao menos, nos deixando saber mais sobre o que sentem. Ao mesmo tempo, essa evolução acabou sendo um pouco confusa no caso de alguns personagens, como Max, que teve mudanças bem significativas do livro anterior para esse e, embora o autor tenha tentado mostrar por diversas vezes as suas motivações foi difícil ficar convencida do porquê de suas ações e afins. Marcel, o protagonista, agora é um Supremo e não tem a mínima dimensão dos seus poderes e foi bem legal descobrir (e me chocar) o que ele passou a ser capaz de fazer. Camila me surpreendeu em alguns momentos e gostei de ver que a sua personalidade nesse livro se tornou mais firme e madura.

Mortes, intrigas e batalhas não faltam ao longo da trama. Os combates são constantes e dão um ritmo enérgico e cheio de ação pra história - adorei as cenas de embate entre Marcel e Max - que é balanceada com os momentos mais emocionais envolvendo as questões familiares, sentimentais e amorosas que também fazem parte da vida dos personagens. O que me leva ao triângulo amoroso (que nesse livro esta mais para um quase triângulo) existente entre Marcel, Camila e Beatriz - que continua sendo uma personagem desagradável pra mim, mas consegui ter um pouquinho mais de empatia por ela -. A indecisão (pra mim inexplicável a essa altura) de Marcel foi irritante, era como se ele estivesse enrolando uma decisão, mas a parte amorosa acabou sendo somente mais um aspecto da vida do personagem e teve um desfecho agradavelmente esperado. A parte que me desagradou, em relação ao desenvolvimento da trama, foi o início muito lento e arrastado que demorou a engatar e não contribuiu para que existisse aquele apego que nos deixa querendo devorar o livro desde as primeiras páginas.

A narrativa de Joe continua bastante agradável e com diálogos bem elaborados. Nesse volume há a introdução de mais animais mutantes na história, além do que foi apresentado no livro anterior, e a descrição feita desses animais, assim como a participação deles na trama, foi bastante interessante. Além disso, mais uma vez o autor consegue remeter a temas bastante atuais da história, mundial e do Brasil, nos dando motivos pra pensar.

O desfecho foi exatamente o esperado e se sucedeu de forma coerente. Confesso que isso me decepcionou  pois amo um final que surpreende, mas entendo o lugar para onde o autor queria levar a sua história.

Ativista não foi o meu livro favorito, mas fechou bem e dentro do esperado uma trilogia distópica bastante surpreendente e criativa, que nos leva a um futuro extremamente tecnológico mas ao mesmo centrado na ecologia e que ainda me provou que há sim, distopias nacionais de qualidade. E que deixam saudades.