Resenha: Beleza Perdida - Amy Harmon

Editora Verus
Tradutora: Monique D'Orazio
332 páginas
2015

Queria começar a resenha dizendo que antes de começar a leitura, mas depois de ler a sinopse, eu era da opinião que a capa não tinha nada a ver com a história. Jamais teria comprado o livro se não fosse o incentivo de várias pessoas falando sobre o quanto era incrível. Afinal, em meu ponto de vista, a imagem parece de algum exemplar erótico. Com o passar da história, porém, mudei minha forma de pensar. A capa tem tudo a ver com o livro. Trata-se de alguém perdido, sofrendo, sem saber o que fazer no momento.

Beleza Perdida tem a história focada em 4 pessoas: Fern, Ambrose, Bailey e Rita. Todos alunos do último ano no colégio, que na época é quando ocorre o atentado do 11 de setembro. Ambrose então vai para a guerra no Iraque, junto de 4 amigos. Alguns anos depois, ele está de volta. E não é mais o mesmo, ao menos não fisicamente. Após um acidente que quase tirou sua vida, o rapaz está desolado. Cabe então a Bailey, que possui Distrofia de Duchenne, mostrar que a vida é muito mais importante que ser belo ou ter deficiências, e Fern, que era apaixonada por ele desde sempre, mostrar que a beleza está nos olhos de quem vê.


O início parece corrido demais. Há poucos momentos entre Fern e Ambrose. Em um momento, ele mal olha na cara dela, e nem dirige uma palavra à garota. No seguinte, ele não consegue tirá-la da cabeça. A impressão que passa é que a autora se perdeu um pouco, e que se apressou. O que não me impediu de shippar o casal, principalmente quando as coisas acalmam.

“E ali eles ficaram sentados, confortando e sendo confortados, deixando que a escuridão espessa absorvesse a tristeza e escondesse o sofrimento, se não um do outro, pelo menos de vista.”

A escritora fez um ótimo trabalho ao abordar a guerra, religão, violência doméstica e vários conceitos de beleza. Assuntos importantes atualmente e que não saem de moda. Ela escreveu tudo com muitos detalhes, mostrando que havia conhecimento prévio.

Harmon fez uma releitura fantástica de A Bela e a Fera. Acho que esse foi um dos fatores para que eu gostasse tanto da leitura, já que é a minha princesa favorita. Apesar de contar uma história totalmente diferente, ela adicionou elementos fundamentais para que eu me sentisse no conto de fadas, fazendo-me vibrar, torcer, sorrir e chorar muito.

Bailey tem lições de vida valiossíssimas, um personagem na qual eu adoraria fazer amizade. Na verdade, ele e Ambrose foram os personagens mais legais em diferentes aspectos, sendo muito bem trabalhados. Rita quase não aparece, ganhando as cenas de tensão. E a autora criou um “Gaston” com maestria, mal e cruel.

Confesso que tive uma relação de amor e raiva com a Fern. É clara sua devoção para com os amigos, que a garota faz de tudo por eles. O carinho, o cuidado, a amizade que ela tem por eles é admirável. Ao mesmo tempo, Fern me pareceu muito sem graça, sem perspectiva alguma de vida. Após terminar o colégio, o único plano dela parece ser esperar Ambrose e trabalhar como gerente do mercado local. Ela é sensível, mas nem um pouco ambiciosa. Indentifiquei-me com ela, porém, em várias partes do livro.

“Ela decidiu que ia ser uma fada, porque gostava de poder voar sem a responsabilidade de salvar o mundo.”

Apesar de Deus ser mencionado muitas vezes no livro, a questão religiosa é tratada levemente, não parecendo algo forçado. Com clichês bonitinhos, Beleza Perdida é uma linda história para quem gosta de romance, drama e amizade. E se tornou um dos meus livros favoritos.

“A verdadeira beleza, aquela que não se desvanece ou se esvai, precisa de tempo, de pressão, precisa de uma resistência incrível. É o gotejamento lento que faz uma estalactite, o tremor da terra que cria as montanhas, o constante bater das ondas que quebra as rochas e suaviza as arestas.”

0 comentários:

Deixe seu comentário