Resenha: O Guia do cavalheiro para o vício e a virtude - Mackenzi Lee



Editora: Galera Record
Tradutora: Mariana Kohnert
434 páginas
2018

Henry "Monty" Montague nasceu e foi criado para ser um cavalheiro, mas nunca foi domado. Os melhores internatos da Inglaterra e a constante desaprovação do pai não conseguiram conter nenhuma das suas paixões - jogos de azar, álcool e dividir a cama com mulheres e homens.

Mas agora sua busca constante por uma vida cheia de prazeres e vícios está em risco. O pai quer que ele tome conta dos negócios da família. Mas antes Monty vai partir em seu Grand Tour pela Europa, com a irmã mais nova, Felicity, e o melhor amigo, Percy - por quem ele mantém uma paixão inconsequente e impossível. Monty decide fazer desta última escapada uma festa hedonista e flertar com Percy de Paris a Roma. Mas quando uma de suas decisões imprudentes transforma a viagem em uma angustiante caçada através da Europa, isso faz com que ele questione tudo o que conhece, incluindo sua relação com o garoto que ele adora.
*Sinopse original

"- Não estamos caçando problemas. Flertando com eles, no máximo."

Com lançamento previsto para o dia 10/09, "O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude" é um livro pelo qual eu não possuía nenhuma expectativa e na verdade nem sabia o que esperar, por isso não pretendia o ler tão cedo. Até que recebi um exemplar antecipado da editora e não vi motivos para não realizar essa leitura que se difere da maioria das coisas que eu já li até hoje.

Repleto de libertinagem e bom humor, o livro nos apresenta Henry Montague -chamado pelos mais íntimos de Monty - filho mais velho de um Conde que está prestes a iniciar o seu Tour pela Europa, que nada mais é do que uma despedida da sua vida de festas, bebedeiras e encontros amorosos para que ele crie, enfim, juízo e comece a aprender com o pai o oficio de administrar a propriedade da família, que é justamente a vida que ele não quer ter. Junto de Felicity - sua irmã mais nova que no meio da viagem irá para uma escola de etiqueta - e de Percy - seu melhor amigo e também sua grande paixão - eles saem em busca dos seus últimos dias de diversão mas acabam encontrando coisas bem diferentes pelo caminho.


É impossível não começar falando o mais básico e também uma das coisas mais incríveis desse livro: ele é um romance de época LGBT! A trama se passa no século dezoito e tem um protagonista bissexual e um personagem de grande importância que é gay e negro. Não sei vocês, mas eu nunca tive conhecimento de uma obra que se encaixasse nesses moldes e em tempos em que a representatividade é cada vez mais importante e necessária, livros como esse se fazem também importantes, ainda mais quando conseguem tratar do tema proposto da melhor forma possível. A representação feminina também não fica para atrás, uma vez que temos Felicity uma jovem dama que tem o forte desejo de estudar, não etiqueta como seus pais querem mas algo útil e que valha a pena mas faculdades são proibidas para ela assim como para as mulheres em geral (não que isso a impeça).

Monty é aquele tipo de pessoa que muitos chamam de caso perdido: sempre bebendo mais do que deveria, causando todas em todas as festas possíveis, se relacionando com mais pessoas do que se pode contar e sempre entrando em confusão, seja sozinho ou com Percy que, pode não parecer mas é muito mais ajuízado do que ele. De início isso causa a impressão de que todo o livro será um compilado de confusões, seguindo na linha da comédia e essa linha bem humorada se mantém mas não demora muito para que sejam introduzidos assuntos de relevância como a bissexualidade de Monty e como essa questão criou monstros nele - mesmo ele sendo aberto mentalmente quanto a isso - por conta da sociedade, mesmo com sua posição privilegiada, e principalmente de seu pai que abomina sua libertinagem e sempre tenta discipliná-lo. Mesmo sendo problemático é difícil não criar empatia com o personagem.

A cor da pele de Percy, assim como o preconceito velado da sociedade também são, dentre outras, questões abordadas de forma bem sensível pela autora, que traz à tona os assuntos no momento certo. Assim como ela também faz com Felicity, que se tornou minha personagem favorita dentre os três principalmente por ser uma personagem muito a frente de seu tempo e que sempre questiona os privilégios de seu irmão perante a sociedade pelo simples fato dele ser homem.

A narrativa de Mackenzie é permeada pelo sarcasmo e mesmo assim consegue ser fluída. Embora a minha leitura não tenha sido tão rápida, principalmente por fatores externos, não é um leitura parada pois o que não falta na história são reviravoltas e surpresas que dão rumos inesperados a trama.

Um romance de época que segue a linha do gênero mas que ao mesmo tempo é único por seus elementos, "O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude" é uma grande aventura que prende e encanta ao longo das suas páginas com seus personagens cheios de personalidade e  vivacidade. Um Tour que vale a pena ser feito.

Sobre a série

O Guia do Cavalheiro para o Vício e a Virtude é o primeiro livro da série Montague Siblings. O segundo volume, The Lady's Guide to Petticoats and Piracy (que seria algo como O Guia da Dama para Anáguas e Pirataria), que traz o ponto de vista de Felicity já foi lançado no seu país de origem e deverá ser lançado por aqui pela Galera Record mas ainda sem previsão de datas.

4 comentários:

  1. Achei bem interessante essa série ainda mais pela época em que foi retratada, quero ter a oportunidade de assistir!

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  2. A historia parece bem interessante, para quem curte esse segmento

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  3. Gostei muito do livro e da capa pela resenha a história é daquelas que prende o leitor até o fim, a história é bastante fluida, os personagens encanta muito, gostei muito de conhecer o livro, quem é fã do gênero vai gostar muito bjs.

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  4. Assuntos sempre atuais, uma pena que a sociedade impõe sempre o que le cai bem, não importa o quanto pode prejudicar ao próximo.

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