Resenha: A Fofa do Terceiro Andar - Cléo Busatto

Editora Galera Junior
144 páginas
2015

Ana sempre foi alegre, risonha, saudável e gorda e nunca se incomodou em receber adjetivos, até o dia em que percebeu que nem sempre eles serviam como elogios. A partir daí, à medida que cresce, Ana passa a se incomodar cada vez mais com os apelidos e comentários maldosos e encontra na escrita uma boa forma de desabafar. Através desse diário a vemos crescer e amadurecer durante essa difícil jornada chamada adolescência.

"Eleva a auto estima saber que podemos fazer da vida aquilo que queremos. Que não somos uma marionete manipulada pelos outros a partir de suas opiniões e expectativas. Desejo para mim o melhor que o mundo pode oferecer [...]."

Conhecemos Ana quando, em uma tentativa de desabafo, ela começa a escrever em um caderno todos os seus medos, sonhos, angústias e inseguranças e é dessa forma que a acompanhamos durante quase quatro anos da sua vida. Ana é fofa, ou melhor, é gorda, e vive em um período em que aos 14 anos, para os outros, isso importa muito mais do que a pessoa que ela é.



Fiquei um pouco receosa de resenhar este livro, pois apesar de ter passado um pouco (ok, já passei faz tempo, admito haha) da faixa etária para qual o livro é destinado e até mesmo da idade da personagem, me identifiquei bastante com com alguns dos sentimentos da Ana. Ela é uma menina inteligente e extremamente sensível, bem tímida, daquelas que preferem um bom livro a quase todas as outras opções e essa combinação faz dela um ser não muito sociável e popular.

Achei extremamente interessante a maneira como a autora aborda a temática do bullying de maneira suave, eu diria, mas vemos que ele é figura presente no cotidiano da personagem que, ao longo da história, percorre um caminho de auto aceitação e diria que também de superação, onde aprende a lidar com as surpresas da vida.

A escrita de Cléo é leve mas marcante, daquelas que em meio a momentos de riso e de choro te conduz em poucas horas à última pagina, evoluindo a cada capítulo.

Sobre as personagens, só digo que quero a Ana e a mãe dela como amigas e que o Francisco, apesar de ser um pouco chato pro meu gosto, é essencial na vida da fofa (leia fofa como um elogio :D).

Não encontrei ao longo da narrativa nenhum ponto negativo e achei que todo o conjunto propôs muito bem o que se cumpriu a fazer, mostrando toda a insegurança de uma menina que não se sente bem com a forma como os outros a vêem e, principalmente, com o modo como ela mesma se vê.

"Eu descobri que devemos olhar nos olhos das pessoas quando conversamos. Se elas não falam dos sentimentos com palavras, falam com o olhar."

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