Resenha: A Sorte do Agora - Matthew Quick

Editora: Intrínseca
Tradutor: Alexandre Raposo
224 páginas
2015

Desde que sua mãe morreu de câncer cerebral, Bartholomew Neil não sabe muito o que fazer. Aos quase 40 anos, ele dedicava-se até então a cuidar dela, e a visitar a biblioteca e a igreja, nunca tendo trabalhado. Sua conselheira de luto o aconselha a fazer amigos, e logo em seguida o padre da paróquia passa a morar com ele. Bartholomew vai vivendo sua vida e conhece Max, um louco por felinos e Elizabeth, a “Meninatecária” que ele sempre observa quando vai à biblioteca.
Eles se juntam e viajam para o Canadá, para visitar o famoso Parlamento dos Gatos e para finalmente conhecer o pai de Bartholomew, que acredita que o pai estava morto há muito tempo.

Eu esperava bastante desse livro após ter lido Quase Uma Rockstar e me apaixonado. Infelizmente, não era o que eu esperava.
A escrita de Quick, como sempre, é fabulosa. Simples, mas profunda. Uma história que é singela e não muito detalhista, mas que conforme se avança nas páginas, torna-se algo muito maior do que se espera. O autor também insere um pequeno mistério, que eu não tenho certeza se é mesmo para provocar dúvidas, porque desde o primeiro momento eu sabia tudo o que aconteceria. Ainda sim, o mistério foi bom o suficiente para me fazer questionar se minhas suspeitas estariam corretas.


Tive uma dificuldade para sentir conexão com os personagens. Como o livro todo é narrado por Bartholomew, em forma de cartas para o ator Richard Gere, há apenas o sentimento superficial do protagonista em suas escritas, e não podemos perceber claramente nenhum sentimento de outras pessoas. Tudo o que percebemos sobre as personagens está nas personalidades delas, que são bem desenvolvidas e agradáveis. O livro não torna-se ruim, longe disso, mas torna a leitura mais arrastada, principalmente no início, em que temos o apenas o dia a dia de Bartholomew, já que apenas depois de mais da metade do livro há alguma aventura, deixando a narrativa mais dinâmica.
Particularmente, Max e Padre Mcnamee foram meus personagens favoritos. Ambos são complexos e perturbados, desacreditados da vida, um por perder algo que amava, outro por achar que perdeu a ligação com Deus. Bartholomew e Elizabeth, a Meninatecária, são ótimos personagens. Ele é ingênuo, inocente e parece em muitos aspectos com um adolescente sem amigos, coisa que me confundiu as vezes. Já ela... Me identifiquei bastante com ela na forma de tratar os livros. É introvertida, mas carismática. Wendy fica com o posto de personagem menos legal do livro. A conselheira de luto de Bart é terrível, sem graça e egoísta. Não me convenceu em momento algum.

Achei que Matthew Quick poderia ter abordado melhor um assunto na história: a violência doméstica. Tenho lido alguns livros com esse assunto e ao ver que o autor trataria o tema em A Sorte do Agora, cheguei a ficar empolgada. Mas aborda pouco e não passa exatamente uma mensagem legal sobre, em minha opinião. Me decepcionei nesse aspecto porque ele não deu à personagem a força de que ela precisava e por mais que ele dê um final respeitoso, senti que ficou faltando algo. Entretanto, ele soube passar muito bem as outras mensagens que queria passar, como suicídio e principalmente sobre ter fé. Bartholomew nunca teve muitas esperanças pro futuro, mas a morte da mãe, por pior que seja, é um engatilho para que ele comece a viver. Ele faz amigos das maneiras mais imprevisíveis e vai mais longe de casa do que jamais imaginou ir, passando a ser ambicioso.

O final é bom e rapidamente, o autor dá um desfecho a todos os personagens. Emocionante, mas não o melhor trabalho de Matthew Quick, A Sorte do Agora nos trás uma história divertida, com uma mensagem importante e bonitinha. Para quem quer começar a ler os livros dele, recomendo iniciar com Quase Uma Rockstar.

“Sempre que algo de ruim acontece com a gente, uma coisa boa acontece. Normalmente com outra pessoa. Essa é A Sorte do Agora. Precisamos acreditar. Precisamos. Precisamos. Precisamos.”

15 comentários:

  1. Gostei muito de sua escrita e de como organizou suas opiniões no texto!
    Continuarei acompanhando seu trabalho, sucesso!

    ((www.youtube.com/teste1436))

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  2. Melhor coisa é já iniciativa de uma leitura , gostei da forma que você escreve o texto é grande mais não é cansativo .

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  3. Melhor coisa é já iniciativa de uma leitura , gostei da forma que você escreve o texto é grande mais não é cansativo .

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  4. Adorei a resenha, eu ainda não conhecia o livro, uma pena não ter aido o que você imaginava que seria, mas isso acontece ne, gostei muito da forma como você colocou sua opinião no texto.

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  5. Estou querendo ler esse livro, parece ser incrível!

    www.rafalendo.blogspot.com

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  6. A sorte do agora é escrito com a mesma inteligência e sensibilidade de O lado bom da vida. Uma história divertida e inspiradora que fará o leitor refletir sobre o poder da bondade e do amor.

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  7. Ola Camila
    Tudo bem?
    Já li algumas resenhas sobre este livro, e ate momento todas foram negativas, por este motivo não tenho nenhum interesses em ler o livro, a premissa não me conquistou também! Mas não posso negar que a capa do livro e linda! Na verdade este motivo pelo qual me fez correr atrás e saber mais sobre o livro, percebo que o livro também não te deixou satisfeita e isso e uma pena! Ótima resenha!Beijinhos

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  8. @Sabrina Eloize
    Muito obrigada pelo elogio, Sabrina! Fico extremamente feliz que tenha gostado! <3
    Volte sempre e visitarei seu trabalho também. Beijos!

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  9. @Blogueira Sem Bufunfa
    Muito obrigada pelo elogio! Fico muito feliz que tenha gostado. Volte sempre, beijos!

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  10. @No Mundo das Letras
    Muito obrigada pelo elogio, fico muito feliz!
    Sim, não foi o que eu imaginava, mas acontece e ainda sim, foi uma boa leitura
    Beijos.

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  11. @Rafael Ferreira
    Espero que goste bastante da leitura quando ler!
    Beijos.

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  12. @Solange Antuano
    Excelente comentário, Solange!
    Matthew Quick é de fato extremamente sensível em suas histórias. Pretendo continuar acompanhando o autor.
    Beijos!

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  13. @Resenha Atual
    Oi, Ingrid! Tudo bom e com você?
    Gosto muito do autor e me apaixonei por Quase Uma Rockstar. Talvez eu tenha criado expectativas demais, haha
    Mas pretendo continuar acompanhando e espero que eu ainda leia ótimos livros dele!
    Beijos.

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  14. Oi Camila!
    Amo a escrita da Matthew!Desde que li O Lado Bom da Vida me apaixonei completamente por todas as suas histórias.Com relação a esse,realmente não é o melhor trabalho dele mesmo,como você disse falta aquela conexão com os personagens mas ao mesmo momento entra aquela sensibilidade do autor em abordar temas que são mais pesados.Ele poderia ter abordado melhor o tema,mas acho que ficaria mais pesado e esse não é muito o estilo dele.Quem sabe nos próximos a gente vê uma abordagem diferente :)
    Beijos!

    http://livreirocultural.blogspot.com.br/

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  15. @Cláudio Cabral
    Oi Cláudio, tudo bem?
    Também sou fã da escrita dele, mas preciso ler ainda Perdão, Leonardo Peacock.
    Sei que não é mais pesado, mas nesse tema em questão, que é tão abordado atualmente, eu senti falta de uma posição dos personagens, entende?
    Muito obrigada pelo comentário, beijos!

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