Resenha: Mundo Novo - Chris Weitz

 
Editora Seguinte
Tradutor: Alvaro Hattnher
328 páginas
2014

No mundo novo os animais selvagens vivem soltos no Central Park, a Grand Central Station é um enorme mercado e há várias gangues inimigas. Só os adolescentes restaram e deles dependem a sobrevivência da humanidade.
Nesse mundo vivem Jeff e Donna. Dois sobreviventes que são forçados a deixar a segurança da sua tribo para tentar encontrar respostas sobre o vírus, e junto com mais três amigos saem para desbravar o mundo novo. Em meio a isso, Jeff cria coragem para se declarar para Donna, que luta para entender seus sentimentos antes que a adolescência acabe e a Doença chegue.

"Todo suco tinha ido embora, mas ainda estávamos tentando fazer uma limonada com os limões."

Um vírus inesperado dízima toda a população adulta e infantil, deixando como sobreviventes, graças a um hormônio produzido somente nesse período da vida, os adolescentes. Mas um mundo sem adultos não é a maravilha que imaginam: não há internet, água quente ou qualquer outro conforto a que estamos acostumados, a comida é escassa, os artigos de higiene são raridade e a vida é literalmente curta demais. O que restou da sociedade se dividiu em tribos e é da tribo de Washington Square que saem Jeff, Donna e seus amigos, em busca de novas fontes de alimento e de respostas sobre o vírus.



O livro de Chris Weitz, que para quem não sabe é o roteirista das adaptações cinematográficas de A Bússola de Ouro e Lua Nova, parece mais um pós-apocaliptico clichê onde os adultos deixam de reinar... e é, o que não quer dizer que seja um clichê ruim.
O ocorrido, como é chamada a dizimação dos adultos e crianças pelos sobreviventes, aconteceu em algum momento do ano de 2014 e o livro se passa por volta de 2016 (não posso dar certeza, mas é por aí) e por isso há uma presença muito forte de toda a cultura pop existente hoje, nos deixando bem familiarizados com as diversas referências existentes.
O mundo construído por Weitz é um ode à juventude e de longe a parte mais bem trabalhada do livro. Cheio de expressividade, liberdade, criatividade e descobertas, nessa nova sociedade há desde mercados ao ar livre, onde se pode achar de churrasquinho de ratazana à prostitutas, até sociedades secretas vivendo em locais no mínimo impensáveis, passando pelo modo de se vestir extremamente único de cada jovem, tudo isso mostrado de forma bem detalhada e com uma grande crítica à juventude atual e ao valor exagerado que damos às coisas supérfluas e, ao mesmo tempo, tratando de questões como o racismo e a homossexualidade. Há também uma retratação crua e, imagino eu, bem realista do comportamento dos adolescentes em uma realidade em que a chegada à vida adulta significa a morte certa. "A vida é curta", aqui é uma máxima.

Chris tem uma boa narrativa, ágil e fluída, que se intercala entre Jeff e Donna e o que achei extremamente interessante foi que a estrutura da escrita,assim como a fonte, muda de acordo com o locutor, se adequando às suas personalidades. Nos capítulos de Jeff, um rapaz " certinho" que sempre faz o melhor para todos, vemos uma escrita perfeita, seguindo todas as regras, já nos de Dona, uma garota confusa com os próprios sentimentos mas cheia de atitude e apegada ao passado, vemos frases curtas, com falas indicadas por " : " ou pelo nome do personagem que está falando e não por travessões.

A história tem muitos personagens e todos ótimos, com um potencial enorme, como os secundários Crânio, Minifu, Ratso e A Peituda (sim,é assim que a menina é chamada), entretanto, e é aí que está a parte ruim do livro, a escrita do autor neste ponto é extremamente rasa e superficial, deixando muito difícil o apego por algum personagem existir, pois o desenvolvimento dos mesmos foi feito de maneira não satisfatória e o mesmo posso dizer da estrutura de grande parte das cenas, que poderiam ter sido melhor executadas e/ou explicadas.

Mundo Novo é um pós-apocalíptico com toques de sci-fi, ciência e romance (e uma capa incrível, não posso deixar de citar) tão empolgante que quando você percebe a leitura já acabou, você está com a curiosidade nas alturas,enlouquecida(o) pela continuação e só percebe os pontos negativos quando começa a analisar criticamente a obra. São 328 páginas devoradas em um piscar de olhos.

Sobre a série:
Mundo novo é o primeiro livro da trilogia de mesmo, que teve a sequência, Nova Ordem, lançada em 2015. O desfecho da trilogia não tem ainda uma previsão de lançamento

2 comentários:

  1. Oi Larissa, tudo bom? Adorei a resenha <3 Mas acho que não leria o livro, eu não curto muito essas histórias " mundo invadido por vírus", li um mês passado e gostei mas não estou pronta para me arriscar em outro hahah

    Beijos
    http://resenhaatual.blogspot.com.br/?m=1

    ResponderExcluir
  2. @Sarah Fernandes
    Oi Sarah!Tudo sim e você?
    Entendo,mas é uma questão de gosto mesmo.No meu caso,sou apaixonada por esse estilo de história e leio tudo o que posso haha.

    Beijos!

    ResponderExcluir