Resenha: A Garota Dinamarquesa - David Ebershoff

Editora Rocco

Tradutor: Paulo Reis

368 páginas

2016

ATENÇÃO: Em alguns trechos da resenha, separo Einar de Lili. Não só para facilitar o compreendimento do texto, como também pelo fato do Einar definir a Lili como se fosse uma outra pessoa, com outro cérebro, dividindo o corpo com ele. Espero que compreendam e boa leitura! :3

A Garota Dinamarquesa trata-se de um romance baseado na vida de Lili Elba, pioneira no movimento trans. Tudo começa quando a mulher de Einar Wegener, Greta, pede para que ele pose com o vestido de sua modelo – que não pôde comparecer no dia – para que ela possa terminar sua pintura. A partir desse momento, Einar passa a se vestir cada vez mais com seu alter ego, Lili, o que provocará grandes mudanças na vida de todos ao redor do casal.

Estava bem animada com essa leitura, não só pela grande vontade de assistir o filme, mas príncipalmente pelas críticas positivas e premissa interessantíssima.
O livro conta como o pintor Einar Wegener, após posar como uma moça para um quadro de sua esposa, passa a perceber que ele não sabe quem realmente é. Ao mesmo tempo que é apaixonado por Greta e pela intimidade que eles têm, também se sente atraído por outros homens e pelo mundo feminino. Logo, ele passa a se vestir com frequência como Lili, aflorando de vez seu lado feminino enquanto frequenta a sociedade como o que ele realmente era por dentro: uma mulher.


A leitura inicia-se de modo lento e eu diria que até mesmo arrastada, o que me fez desanimar um pouco com o livro. Felizmente ele pega ritmo depois, tornando-se mais fluído, interessante e com uma carga emocional gigantesca, conforme a história avança com os dilemas de Einar e Lili, e com a coragem, dedicação e amor de sua esposa, Greta.
Para mim, ela é a melhor personagem do livro, pois demonstrou enorme força de vontade para ver seu marido e Lili felizes. Apoiou a ambos em todos os momentos, sendo muitas vezes a única que acreditava em Lili. A relação de intimidade que ambos mantinham no casamento foi algo formidável e o autor conseguiu mostrar esse aspecto ao leitor de forma intensa e clara, permitindo assim, uma melhor compreensão da situação.

“Pois era essa a luta ineuxarível de Greta: a necessidade perpétua de estar sozinha, mas sempre amada, e sempre amando.”

Já Lili é uma personagem maravilhosa, apesar de ter me parecido um pouco caricata em alguns momentos. Entretanto, a personagem era o toque de leveza do livro, tornando-o mais singelo. Uma grata surpresa foi o irmão de Greta, Carlisle, que antes de entrar de fato na história me parecia uma pessoa dura, mas que mostrou-se gentil e atencioso com Lili, tornando-se um personagem bem construído.

Em minha opinião, o ponto mais interessante da história foi como o autor conduz a questão do transsexualidade naquela época. Afinal, estamos falando da década de 1920 e 1930 e de como Lili foi a primeira mulher a se assumir trans, tendo realizado a cirurgia. Hoje em dia, inúmeras pessoas ainda reagem extremamente mal a esse assunto, naquela época então raríssimo era os que compreendiam. Ao menos no livro (já que o autor avisa que grande parte é romantizada), Einar e Lili chegam a procurar 4 médicos que oferecem curas absurdas ao “problema” deles. Nesse ponto, A Garota Dinamarquesa retrata de forma bruta e cruel tal situação, já que Einar não sabia o que realmente se passava com ele, precisando de respostas que felizmente, ele encontrou depois.

Intenso e emocionante, o livro que inspirou o filme estrelado por Eddie Redmayne e Alicia Vikander possui um final bonito, mas que me causou ligeira confusão, visto que é bem poético. É um belo romance para conhecer duas mulheres fantásticas, uma tendo lutado pelo amor, outra pelo direito de ser quem realmente era, e ambas pela felicidade.

6 comentários:

  1. Ai meu Deus do céu, eu quero tanto ler esse livro. Parece ser impressionante. Ainda mais pelo fato da transsexualidade neh!!! E ainda pela luta que as duas enfrentam. Ai tô apaixonado já!!!

    Até mais,
    http://www.meninoliterario.com.br/

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  2. Apaixonei tanto pelo filme, mas tanto que a vontade de ler é gigantesca, este livro com toda a certeza está em minha listinha!

    Beijos,
    Elfo Livre

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  3. Olá, Camila, tudo bem?

    Eu realmente não sei por que ainda não assistir a esse filme, desde os trailer o enredo me pareceu fantasístico, ainda mais se tratando de uma realidade de muitos anos atrás e que ocorre hoje como você citou, eu soube mais tarde que o filme era baseado em um livro, fiquei bastante curiosa para lê-lo, me agrada saber que a leitura foi positiva e que te conquistou, afinal eu estava muito receosa quando a isso, agora sem sombra de duvidas pretendo ler, a resenha ficou ótima, muito bem explicadinha pude ter uma visão muito clara do livro.

    Beijinhos

    http://resenhaatual.blogspot.com.br/

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  4. @Menino Literário
    Olá, tudo bom?
    O livro é lindo, mas também achei triste. Vale muito a pena a leitura, a força e o laço que ambas tem é algo admirável!


    Beijos.

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  5. @Karol Póss
    Oi Karol, tudo bom?
    Ainda preciso ver o filme, não tive a oportunidade. Espero que goste tanto quanto eu!

    Beijos.

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  6. @Resenha Atual
    Oi, Ingrid! Tudo e com você?
    Também não assisti ainda, preciso mudaar isso urgentemente! hehe
    No início achei que fosse me decepcionar, mas se mostrou uma leitura muito proveitosa.

    Beijos!

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