Resenha: Dois Mundos - Simone O. Marques

 
Editora Butterfly
256 páginas
2017

Marina é uma garota que, por sua aparência, é normal. Mas acaba por aí. Ela é o avatar, uma "casca" para Dana, uma poderosa Deusa que faz parte da tríplice celta. Por isso, Marina vive isolada com a Tribo de Dana numa fazenda no centro-oeste brasileiro, para que seja protegida. Cinco anos do que causou a destruição no país, a garota, nervosa por ser tão presa, resolve desafiar seus guardiões, e junto com eles, se metem em uma enrascada. Agora, eles precisam procurar e encontrar os tesouros raros que só eram contados nas histórias.

Quando Dois Mundos foi lançado no ano passado, li a sinopse e deixei passar, não tinha me interessado pela história, confesso. Recentemente, porém, a editora enviou o exemplar como cortesia e fico muitíssima feliz em dizer que tive uma ideia absolutamente errada do que seria a história de Marina. Mais feliz ainda que tive a chance de ler uma distopia fantástica (mais fantasia, ao meu ver) que chama a atenção pela originalidade.

"Você carrega forças poderosas dentro de si, mas não poderá usá-las em sua plenitude. É apenas um casulo, minha linda, que aprisionou três mulheres muito diferentes. [...] Três deusas poderosas presas juntas. Saiba que todas nós lutaresmos para sermos libertadas."


O que mais chama a atenção é que ao mesmo tempo que o livro parece uma distopia, pelos cenários devastados ao longo do país. O Rio de Janeiro, por exemplo, desapareceu por tsunamis, as usinas nucleares de Angra exalam radiação. Há grupos de saqueadores, cidades destruídas, um verdadeiro cenário apocalítico. Entretanto, há uma divisão para a fazenda Tribo de Dana. Como o lugar não foi afetado pelos poderes da Deusa Celta - que faz parte de uma tríplice, são três deusas no corpo da jovem - trata-se de um lugar quase que fantasioso, com druidas e sacerdotisas, excluindo a tecnologia que havia no mundo no momento (ainda que haja tribos indígenas vivendo de modo semelhante no país).
A distinção foi um tanto interessante, mas gostei ainda mais de quando a história alavanca, com Marina e seus guardiões - Brian e Artur, caem em uma caverna e a partir daí, entram no que parece ser um mundo deslocado. Fica confuso saber se eles ainda estão no país, em lugares desconhecidos por eles, ou de fato em um mundo novo. O fato é que a fantasia que acontece em Dois Mundos é semelhante aos contos de fadas. Para que o trio possa coletar os tesouros, eles precisam enfrentar de irmãs que se transformam em aves a uma feiticeira que morre e deixa um mistério.

A única coisa que me desagradou foi o triângulo amoroso que a autora parece inserir no fim da história. Ao longo de todo o primeiro volume, a tensão romântica entre Marina e Brian é bem construída e convence o leitor, já que há química entre os dois. Entretanto, no fim, Simone O. Marques inseriu Artur no meio da história de ambos de forma desnecessária, eu diria, já que a obra funciona muito bem sem o triângulo amoroso. Artur é um ótimo personagem, tanto quanto os outros dois, mas que eu não acho que funcione bem em um romance, dada sua personalidade e a forma que pareceu ter se apaixonado absolutamente do nada.
Outro ponto a se destacar é que, paralelo a história da protagonista, há a história de Pedro, o oráculo da Deusa. E é por ele que o leitor acompanha a destruição ao longo do país, já que ele precisa encontrá-la. Essa parte também é bem interessante e também com certo toque de magia e mistério, que fica a cargo de Líban e Merlin, uma garota e seu cachorrinho que são encontrados ao longo de São Paulo pelo garoto.

A conclusão é repentina, encerrando o primeiro livro de forma aberta, sem nem metade dos tesouros coletados e com um grande gancho para o próximo volume, além de o que considero ser uma pequena pista para o próximo nome. Felizmente, não me irritei tanto com o fim, de certa forma, abrupto, porque não foi um livro de reviravoltas e segredos, ainda que fique intriga para ler o que vai acontecer.
Resumindo, Dois Mundos foi um livro que não esperava muito, mas que pude dar uma chance e acabou se tornando um dos ótimos livros fantásticos que tive a oportunidade de ler. Válido também porque o gênero normalmente é tomado por terras inventadas, e esse se passa em nosso país.

9 comentários:

  1. Olá, tudo bem?
    Vou confessar que esse livro me chamou a atenção desde a capa. Menina que coisa linda. Amei conhecer suas impressões e fiquei feliz em saber que foi uma leitura que te surpreendeu. Estou lendo muitos livros de fantasia nos últimos dias por isso sua dica veio na hora certa. Beijos

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  2. Olá! Quando o livro tem continuação o os livros anteriores do último, principalmente o primeiro, realmente termina de forma aberta. Que bom que o final não te irritou e que tem reviravoltas e segredos no livro. Esse livro está na minha lista de leitura, sua resenha só aumentou minha curiosidade. Beijos'

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  3. A história parece ser bem legal e a oportunidade de ver um livro de fantasia que se passa no Brasil eu sinceramente fiquei bastante curiosa para conhecer mais.
    Beijos
    Mari
    www.pequenosretalhos.com

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  4. Olá. Eu prefiro fantasia clássica mesmo, com bastante worldbuilding, rs. Infelizmente não me interessou muito porque eu sou bem chata com essa questão de romances, a maioria eu acho bem forçado. Mas isso é só uma opinião particular minha, não desmerece o livro. Gostei bastante da sua resenha.

    Beijos.

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  5. Fantasia não me chama. Contudo, eis aí uma trama realmente interessante. Eu sou chato em relação a romances. Para mim, eles devem se livrar de tudo que pode ser piegas. Foi-se o tempo em que um livro provocava verdadeiras revoluções na cabeça de quem lia. Quem sabe esse não fuja da obviedade ululante que afeta a literatura.

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  6. ola
    fantasia não me chama muito atenção mas achei essa obra bem bacana e acho que super vale a pena tentar dar uma lida
    espero me surpreender
    beijoss

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  7. Olá!
    Desde que fiquei sabendo desse lançamento eu fiquei curiosa, mas confesso que esse triângulo amoroso desnecessário me desanimou um pouco, parece ser obrigatório hoje em dia toda fantasia ter um. Mesmo assim, a trama me chama muito a atenção e acho que vale a pena dar uma conferida.
    Beijos.

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  8. Gostei muito desse cenário apocalíptico nacional. Temos bem pouco disso, né? E eu fico muito incomodada com essa necessidade dos autores colocarem esses triângulos amorosos. Parece que sentem que o pessoal só leria uma continuação para saber com quem a mocinha fica. Desnecessário com uma história boa, né. Boa resenha! E adorei a capa do livro.

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  9. Olá!! Adorei a resenha e fiquei feliz que tenha gostado do livro! =)
    Só vou fazer uma defesa aqui quanto ao "suposto" triângulo amoroso, rsrsrsrsr
    Marina é o avatar da deusa Brigite, que é a inspiradora dos bardos. Ela é o amor em sua forma pura, o que faz nascerem poesias no coração dos poetas e músicas nas harpas dos bardos. É isso. Não posso revelar mais sem spoiler rsrsrsrs. O próximo livro se chama Fadas e Druidas e está aguardando uma data de publicação. =D
    Beijos e obrigada por uma análise tão gostosa. ;)

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